A Fazenda Divino Espírito Santo, situada na serra da Tromba, na cidade de Piatã, Chapada Diamantina, começou a produzir café com a vinda de Michael e Patrícia de Salvador no ano de 1993, primeira geração da família. O casal, pais de três meninas, deixou à capital com o objetivo de desbravar o ouro negro nas serras da Chapada, a 1350 metros de altitude. Ambos foram em busca de informações e contato com a população local, que já estavam no ramo, e também por meio de palestras e congressos, para aprender a arte de produzir um bom café.
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No início, apesar de as condições climáticas favorecerem a qualidade da bebida e da produção do café, as condições técnicas e de maquinários eram praticamente inexistentes, sem contar com a ausência de luz elétrica – esta só chegou à fazenda em 2015, antes usávamos luz solar e de um grupo gerador. Assim, a produção contava com o grande empenho e dedicação manual de toda a família e alguns trabalhadores. Despolpávamos pequenos lotes de café a mão. Aos poucos, compramos o despolpador, depois lavador e assim, as condições foram melhorando, possibilitando um melhor processo produtivo.
Nos dias atuais, a fazenda possui 10 hectares de produção e tem todos os cuidados com a qualidade. A colheita se dá de forma seletiva, através das apanhadeiras de café, mulheres que colhem de grãos em grãos, com diversas etapas no processo de catação já que só se colhe apenas os grãos maduros. Secagem se da de forma monitorada, seguido de um beneficiamento e armazenamento adequado aos padrões estabelecidos.
Como peça principal do êxito de produção, tem-se participação de toda a família nas etapas que constituem o cultivo do café, desde o seu início até os dias atuais. Suas filhas (3), desde pequenas convivem e são apaixonadas pela fazenda, pelo cultivo do café e por sua bebida. Ajudaram na plantação, onde estabeleceram um contato direto com a terra, desconstruindo assim, a errônea ideia colonial de que apenas os filhos homens podem dar continuidade aos negócios de família.
Qualidade dos produtos
A preocupação com a qualidade está presente em todas as etapas do cultivo do café. As mudas são preparadas na própria fazenda, tendo uma seleção das melhores para plantar. Depois, quando está em tempo de produção, a colheita se dá de maneira seletiva, colhendo-se apenas os grãos maduros, selecionados manualmente por mulheres. Após a colheita dos grãos maduros ainda é feita uma segunda colheita a mão aferimento de algum verde que caiu acidentalmente. Quando levado ao terreiro para fazer a secagem, há separação os lotes por dia e variedades, além do seu controle por uma máquina que mede a quantidade de umidade do grão, identificando o momento correto de fazer o seu recolhimento para armazená-lo ou beneficiá-lo.
Temos uma preocupação também com o meio ambiente e a natureza. Não utilizamos produtos químicos e dentre os adubos que utilizamos, temos o esterco de galinha e cabra, palha do café, o vinhoto que é liberado no momento do despolpamento. No cafezal tem plantado algumas árvores chamadas de Grevílea que ajudam a fazer sombreamento, conter o vento excessivo, a proteger o solo com suas folhagens e ainda o adubar quando essas folhas se decompõem. Temos uma reserva florestal que não permitimos que ninguém faça a prática da caça e nem de arrancar nenhuma árvore. Os animais são sempre bem vindos à nossa propriedade; cantos de pássaros são presentes em todas as manhãs e os jacus costumam a nos visitar em todas as colheitas.
